Como a greve dos caminhoneiros reduziu os níveis de poluição em São Paulo

poluição nas cidades
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Segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), após uma semana da greve dos caminhoneiros, as emissões de poluentes na capital paulista foram reduzidas pela metade em duas estações, a de Cerqueira Cesar e a do Ibirapuera. Essa queda foi resultado da falta de combustível, causada pela greve, e a consequente redução no fluxo de ônibus e carros em toda a cidade.

De acordo com o diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP), Paulo Saldiva, essa grande queda na emissão de poluentes foi um acontecimento raríssimo, e que precisa ser estudado mais a fundo para trazer informações consistentes para a saúde pública.

A partir desses dados, a equipe de pesquisadores do IEA deu início a uma análise completa desse fenômeno, e pretende cruzar diversos fatores como os índices de poluição e de engarrafamentos em São Paulo com o número de mortes e internações desse mesmo período. Com isso, o intuito é medir o impacto real das emissões de poluentes para os moradores da capital paulista.

Razões que causaram a greve dos caminhoneiros

No dia 21 de maio, os caminhoneiros do país bloquearam centenas de trechos rodoviários por todo o Brasil, como uma forma de protesto contra o aumento do principal combustível utilizado pela classe, o óleo diesel. Como resultado imediato da greve, dezenas de aeroportos tiveram voos cancelados pela falta de combustível, supermercados ficaram sem alimentos nas prateleiras e o fluxo de ônibus, e outros meios de transporte público do país, precisou ser reduzido ou pausado.

Na semana seguinte, em 30 de maio, São Paulo registrou recordes negativos no fluxo de engarrafamentos da cidade, apesar de ser a véspera de um feriado prolongado, o que normalmente significaria centenas de quilômetros de trânsito intenso nas principais saídas da cidade.

Desse modo, apesar do caos generalizado oriundo da greve dos caminhoneiros, a ocasião também serviu para demonstrar como seria a cidade sem o seu excesso de veículos. Com a falta de combustível, a maior parte dos moradores desistiu de sair de carro e, consequentemente, de poluir e engarrafar as ruas. Sendo assim, mais pessoas tiveram que permanecer em casa durante o feriado, jogando jogos de cassino online ou apenas descansando.

Impactos da poluição na saúde

Em um evento no auditório da FAPESP, Paulo Saldiva ressaltou que a poluição tem um custo enorme para a saúde pública. Além do número elevado de pessoas que procuram os hospitais públicos por problemas causados pela emissão de poluentes, o fator principal a ser considerado em relação ao tema é a perda de capacidade produtiva da população atuante do Brasil. Para isso, é calculado o dinheiro que o país está perdendo por uma parcela produtiva de seus trabalhadores falecer antes do previsto, devido a causas relacionadas a poluição.

Para realizar esse cálculo, existe o índice DALY (do inglês, Disability Adjustment Life Years). Com ele, se torna possível descobrir os impactos da poluição para o PIB per capita do país, um dado de grande importância, que é capaz de trazer a atenção do poder público para a questão.

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