A Netflix e o uso de Big Data
Fonte: PixabayNo final de 2018, a Netflix encerrou o ano com quase 150 milhões de usuários a nível mundial, e com pouco mais de 50% do mercado norte-americano no segmento de streaming. Essas estatísticas impressionam pois a empresa cresceu muito em um curto intervalo de tempo. Para se ter uma ideia, em 2014 a Netflix contava com cerca de 50 milhões de assinaturas, das quais 30 milhões eram de usuários dos Estados Unidos.
Entre os analistas de mercado, existe praticamente um consenso de que, para chegar a esse crescimento acelerado, a Netflix fez um bom uso de Big Data, ou seja, de suas ferramentas de coleta, armazenamento e análise de dados. Nos últimos anos, o Big Data tem sido um importante aliado para empresas de diferentes setores, desde cassinos online até redes varejistas, e também para os principais serviços de streaming.
No caso da Netflix, a coleta e análise de dados em grande escala é essencial para que a plataforma decida quais programas são do interesse de seus assinantes e desenvolva um algoritmo de recomendação eficaz. Em 2009, já ciente de como essa questão era importante, a companhia anunciou que pagaria US$ 1 milhão para o grupo de desenvolvedores que criasse o melhor algoritmo com essa finalidade. A estimativa é que, desde então, esse algoritmo já tenha poupado mais de US$ 1 bilhão para a empresa através da contenção de assinantes.
Entenda como funciona o sistema de recomendações da Netflix
De maneira geral, é possível notar que a Netflix desenvolveu um amplo domínio sobre o uso de dados para fazer com que os seus usuários mantenham o interesse pelo conteúdo oferecido. A Netflix é tão eficiente em promover esse conteúdo direcionado que aproximadamente 80% de tudo o que é transmitido pela plataforma tem a influência do sistema de recomendação.
Em suma, o algoritmo de recomendações da plataforma funciona da seguinte maneira:
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A Netflix se concentra em oferecer a cada usuário exatamente o que ele prefere, com base em informações personalizadas que foram coletadas sobre esse usuário, incluindo os programas assistidos, a classificação dada a eles, a velocidade em que estes foram assistidos, se foram pausados, e muito mais. Com isso, o serviço de streaming pretende garantir que a experiência de cada assinante seja única e exclusiva.
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A aba com as novidades e os programas mais populares do momento também leva em consideração os dados pessoais dos usuários, colocando em destaque os títulos com mais chances de ser do interesse daquele assinante.
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Quando um usuário começa a assistir um determinado programa e não termina, a Netflix também utiliza o Big Data para decidir se continua a promover esse programa, com base nas preferências coletadas sobre o usuário, ou se desiste de promovê-lo, para assim não aborrecer os assinantes insistindo com algo que eles não pensam em voltar a assistir.
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O algoritmo de recomendações também indica títulos semelhante ao conteúdo que os usuários acabaram de assistir. Pesquisas internas desenvolvidas pela Netflix, com base em Big Data, já comprovaram que quando os assinantes assistem algo até o final, eles estão mais propensos a consumir mais conteúdo relacionado aquele assunto.
O exemplo de “House of Cards”
Fonte: WikimediaAlém de ser fundamental para que a plataforma possa indicar recomendações pertinentes aos seus usuários, a Netflix também utiliza o Big Data para garantir que os assinantes assistam ao conteúdo original produzido pela companhia. Atualmente, o índice de engajamento dos usuários com esses programas originais é de cerca de 90%, o que demonstra que a abordagem da Netflix está sendo bem-sucedida, quando comparada as emissoras de televisão, por exemplo.
Um dos exemplos mais impressionantes nesse sentido é a série original da Netflix “House of Cards”. Antes sequer da produção ir ao ar, o serviço de streaming encomendou duas temporadas completas ao custo de aproximadamente US$ 100 milhões, o que à primeira vista pareceu uma aposta arriscada por parte da Netflix.
Contudo, em entrevista ao site GIGAOM, um dos executivos da Netflix confirmou que a companhia só investiu tanto dinheiro na produção de “House of Cards” porque sabia que a série faria sucesso entre os seus assinantes, graças a análise de Big Data. Para chegar a essa conclusão, vários dados diferentes foram averiguados, como o fato dos assinantes da Netflix procurarem com frequência por títulos dirigidos pelo diretor David Fincher, do filme “A Rede Social” e também que a versão britânica de “House of Cards” estava fazendo muito sucesso entre o público norte-americano.
Três meses após ser lançada no catálogo da Netflix, “House of Cards”, que é dirigida por David Fincher, já era considerada um sucesso absoluto, sendo responsável por trazer 2 milhões de novos assinantes norte-americanos para a plataforma, e 1 milhão de assinantes de outros países, demonstrando que o bom uso do Big Data tem sido uma ferramenta estratégica para o sucesso da companhia há vários anos.